Jussara Maria Poletini é uma das joias raras da Lyra Mojimiriana. Assim, são muitas as histórias de dedicação e superação que ela tem para contar. Jussara entrou na instituição após observar um cartaz na Rua Santa Cruz, tradicional bairro da zona Oeste de Mogi Mirim, convidando as pessoas para participar dos cursos promovidos pela Lyra.

“Me lembro que era janeiro e estava tendo cursos de verão. Logo de cara escolhi a flauta e comecei a tocar”, se recorda Jussara. Desde então, a entidade não saiu mais da vida dela. Após isso, o fundador da Lyra, maestro e diretor artístico, Carlos Lima, a levou para a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) para tocar na Unibanda.

Ao lado de músicos profissionais (da esquerda para a direita): Carlos Guarnieri, Marcelo Rocha, Daniel Oliveira, Raphael Ferreira (PH) e Jussara

Período de muitas dúvidas para os jovens, decidir aquilo que cada um quer para sua vida profissional, também foi difícil para Jussara. A dúvida surgiu: arquitetura ou a música? “Decidi fazer arquitetura, porque era algo que eu também gostava e eu sabia que eu poderia continuar com a música, independente da graduação, conciliando essas duas carreiras”, conta ela.

Desde então, com cursos de música na Unicamp e na Lyra, surgiu a oportunidade de assumir uma turma de musicalização infantil. “Era algo muito empírico, mesmo assim, muito rico. Não tínhamos muitos recursos, mas o que tínhamos na mão nós usávamos”, recorda, demonstrando gratidão e alegria.

“Tentávamos não passar somente a técnica, mas formar crianças que soubessem dividir”, acrescenta. A partir de então, outras oportunidades foram surgindo na vida de Jussara, trabalhando também com coral e dando aulas de flauta transversal. “Uma vez, o Carlinhos (Carlos Lima) teve a ideia de criar um coral sertanejo e passou isso pra mim. Parecia uma loucura, mas conseguimos fazer, com os moradores do Pederneiras (bairro rural de Mogi Mirim), por uns 4 ou 5 anos. Foi bem legal!”.

Aluna Vitória, quando Jussara dava aulas de musicalização infantil

Sua vida pessoal, como a chegada dos filhos, fez com que Jussara ficasse um tempo fora dos palcos e das salas de aula, após quase 10 anos como professora. “Mas nunca me desliguei da Lyra”, avisa. “Sempre quando precisavam de alguém para alguma apresentação eu ia participar junto”.

O amor pela instituição é tão grande que no ano passado, ela voltou definitivamente para o Coral, como aluna. “Hoje, vendo o projeto como está, me dá muito orgulho, porque já vendemos pizzas, fizemos vários brechós… É muito bom ver a Lyra reconhecida. E eu não consigo me desligar. É um enriquecimento pessoal, um exercício de colaboração, companheirismo… Não é somente a sensação de estar no palco brilhando, mas sim a solidariedade que existe entre todos ali”, comenta.

Olhando para o passado, Jussara sabe que percorreu o caminho certo. “Foi uma época muito boa. E ter feito parte da Lyra Mojimiriana só me ajudou no ramo da arquitetura. Você não imagina quantos projetos eu consegui, só pelo contato que eu tinha com as pessoas”, comemora ela, contente por estar de volta aos palcos, cantando e encantando todos a sua volta.

Apresentação com a Orquestra Sinfônica Lyra Mojimiriana no Centro Cultural em 2015

SOBRE A LYRA MOJIMIRIANA

Mantendo a finalidade de inclusão social através do ensino de música, a Banda Musical Lyra Mojimiriana é referência nacional e internacional neste quesito. Foi fundada em 10 de agosto de 1985, em Mogi Mirim, no interior do Estado de São Paulo (a 160 quilômetros da capital), ganhando personalidade jurídica em 1988. Durante as mais de três décadas de atuação, já formou centenas de músicos e despertou em milhares de pessoas o interesse para a música instrumental.

A entidade desenvolve o trabalho de iniciação musical (ou musicalização), de aprendizado do instrumento até as formações mais complexas, como banda e orquestra, despertando o interesse, especialmente, das classes menos favorecidas pela música e descobrindo talentos. Em um trabalho árduo, a Lyra promove a difusão da música não só em Mogi Mirim, mas também em outras cidades do Brasil e do mundo, através de suas apresentações e ações, rompendo as mais diversas barreiras.

Tem como parceiros, através das leis de incentivo, o Ministério da Cultura e a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, além de empresas como Itaú, Renovias, Grupo Guaçu, Tenneco, Balestro, Sogefi Group, Direção Cultura e Prefeitura de Mogi Mirim (Secretaria de Educação e Secretaria de Cultura e Turismo).